Oito pessoas discutem quais os aspectos dessa medida na Universidade Estadual de Maringá. Ainda não há consenso quanto ao tema.
Educação
Grupo de relatores analisa implantação de cotas raciais na UEM
Por Victor Simião em 21/12/2018 - 17:53Um grupo de oito pessoas foi formado para discutir a implantação do sistema de cotas raciais na Universidade Estadual de Maringá. São sete professores, um deles negro, que representam cada um dos centros que a UEM tem, mais uma estudante.
O grupo foi criado a pedido da Câmara de Graduação, composta pelos coordenadores dos cursos de graduação, que discute temas relativos a essa área na UEM. A relatoria de um projeto costumeiramente é feita por um único relator. Como o sistema de cotas raciais é visto como algo polêmico, a Câmara optou por formar uma comissão para haver um debate mais amplo.
O pedido de cotas raciais foi organizado pelo movimento negro de Maringá – principalmente o Yalodê Badá, com o apoio de movimentos sociais. A proposta foi feita oficialmente em setembro.
A primeira reunião do grupo de relatores ocorreu em outubro. A segunda, nesta semana. Em um primeiro momento, a comissão solicitou o posicionamento dos professores dos cursos de graduação da UEM. Tem gente contrária, favorável – e favorável mas com ressalvas à proposta inicial. A CBN apurou que o pedido apresentado pelo movimento negro, que exige um percentual de cotas para negros, não tem consenso até o momento.
Há quem concorde com o sistema de cotas, mas quer seja para pessoas negras e de baixa renda – uma espécie de mistura com o atual sistema de cotas sociais.
Os relatores devem chegar a um consenso e dar um parecer favorável ou não à proposição. Aí, a discussão é levada à Câmara de Graduação, que decide se aprova ou não. Depois, a proposta é encaminhada ao CEP, o Conselho de Ensino e Pesquisa, formad por coordenadores dos cursos de graduação e pós-graduação, que debate o tema e finaliza o processo - a não ser que haja algum recurso para ser levado a última instância, o COU, o Conselho Universitário.
O professor Márcio Noveli, coordenador do curso de Administração e presidente do grupo de relatores, diz que o momento é de debates dentro da comissão. E que os membros estão sensíveis a questões envolvendo as minorias.
O grupo de relatores espera que a demanda seja finalizada ainda no primeiro semestre do ano que vem. Caso a proposta seja aprovada, o sistema começa a valer no vestibular de 2020. Aí, ingressantes vão poder utilizar o sistema de cotas raciais em 2021. Como ainda não há consenso, pode haver mudanças.
A atuação do movimento negro para a implantação do sistema de cotas raciais vem desde 2015, mas ganhou força mesmo em 2017.
O Diretório Central dos Estudantes e alguns dos centros acadêmicos da instituição são favoráveis às costas raciais. O reitor Julio Damasceno também. Foi o que ele disse durante a campanha para eleição da reitoria.
Dados de 2017 mostram que na UEM 65% dos alunos se declararam brancos. Naquele ano, menos de 3% se disseram negros ou indígenas.