Mensagem de cunho racista e homofóbico foi apagada nesta terça-feira (30). Representantes de movimentos negros não se dizem surpresos. 

Atualizado às 18h30: Em nota, reitoria da UEM se diz indignada com rabisco racista. O texto informa que o reitor Julio Damasceno repudiou o acontecido e que isso é algo contrário ao ambiente universitário, que prevê pluralidade de ideias. Conforme a nota, o rabisco já teria sido apagado. Os autores não foram identificados. 

Um banheiro próximo ao Bloco 27, dentro da Universidade Estadual de Maringá, amanheceu com uma parede rabiscada com frase racista e homofóbica. No local estava escrito “Família acima de tudo, Deus acima de todos. Chega de viadagem. Vamos Exterminar gays e negros”. Os dizeres foram apagados na tarde desta terça-feira (30). Uma foto mostrando a frase foi compartilhada nas redes sociais

Paulo Vitor, psicólogo integrante do coletivo Negro Yalodê-Badá, disse ter recebido a imagem sem grandes surpresas. Segundo ele, o racismo é constante dentro da instituição. Ele falou também que desde que a UEM começou a discutir a questão das cotas raciais dentro da instituição, há pouco mais de um mês, estudantes negros têm recebido olhares de desaprovação. Na avaliação dele, a ação no banheiro não deve ser vista como algo isolado.

A professora do Departamento de Ciências Sociais, Marivania Araújo, que também é uma das coordenadoras do Neiab, o Núcleo de Estudos Afrobrasileiros, também disse não estar surpresa. Na avaliação dela, a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência da República, que durante anos manteve discurso considerado racista e homofóbico, é um dos motivos que levaram a divulgação de frases como a escrita no banaheiro na UEM. Ela espera que casos como esse tenham punição.

A frase “Família acima de tudo, Deus acima de todos” é uma referência ao slongan de campanha utilizado pelo então candidato Jair Bolsonaro, que era "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos". Manifestações racistas e homofóbicas têm sido registradas no Brasil nos últimos dias. Este não é o primeiro caso registrado na UEM em 2018 em relação às minorias. Em julho deste ano, uma foto de Marielle Franco, ex-vereadora do Rio de Janeiro assassinada em março, foi rabiscada. Na imagem, que estava em uma exposição em homenagem a ela, foi escrito que Marielle tinha sido um mau exemplo porque era lésbica.